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domingo, 25 de outubro de 2009

LITERATURA | Criação

décima sétima carta




devo parar de te escrever.
não porque você esteja suficientemente escrita, mas porque a vontade de escrever é só sua - e infinita: uma espécie de morte.
a escrita, lançada daqui, não te alcança.
no fundo, te perde no desejo mesmo de te alcançar
{você bosque demais.
pede notícias, exterioridades, significados -
sempre a ânsia de ter o mundo mais perto.
não há o que remeter para além deste -
o remetente.
a carta é o que não chega a ser -
e, na sua insuficiência,
arfando como um urso na neve,
é.




lembranças.




eu

3 comentários:

  1. Anelito: gostei dessa imagem do urso na neve arfando.

    Uma sugestão: republique aqui aqueles ensaios sobre Caldas Barbosa e Severiano Ribeiro. São ótimos e ficaram na memória.

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  2. Teve tb um texto seu sobre poesia afro que falava em Luís Gama: ele precisa ser melhor estudado. O texto convergia no poeta afro Ricardo Aleixo, concluindo de maneira meio forçada que Ricardo seria o primeiro poeta autenticamente black do Brasil, mas tb acho que vale vc republicar por reabrir o debate.

    Abs do Lúcio Jr.

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  3. lúcio, obrigado pela lembrança. estou organizando edições de minha produção crítico-ensaísta. espero que consiga sair com um volume ainda este ano, apesar das mil tarefas em que me encontro envolvido.
    abraço.
    anelito

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